domingo, 18 de dezembro de 2011

Os ditos cães “selvagens” de Mirandela

Uma das máximas de um saudoso professor de veterinária da Faculdade de Lisboa, repetida incessantemente nas suas magistrais aulas teóricas de parasitologia, era a de que não havia animais selvagens, mas sim animais silvestres, reiterando que selvagem era o Homem quando destruía os seu habitats naturais e os queria antropomorfizar.
Serve esta nota de abertura para repudiar a forma como o caso dos ditos “cães selvagens” de Mirandela veio a público, mostrando a “selvajaria” humana no tratamento da questão, excessivamente mediatizada, e onde se ouviram comentários extemporâneos e descontextualizados.
Correctamente deveríamos falar em cães assilvestrados e não selvagens. Esta matilha cujo número ninguém em concreto consegue quantificar (referiram-se 200 animais (?), outras fontes falavam em 80), terá sido o resultado de um núcleo inicial de cães abandonados, que sem qualquer controlo reprodutivo e com fonte de alimento disponível no aterro intermunicipal em Frechas, terá crescido de forma exponencial e criado alarme nas aldeias vizinhas, com casos confirmados de mordeduras a habitantes locais.
Convêm lembrar que a captura de cães vadios ou errantes é uma competência das Câmaras Municipais e só em situações excepcionais de grandes matilhas, esgotados que estiverem os métodos convencionais de captura, e com forte evidência de risco para a segurança das populações é que a Direcção Geral de Veterinária intervém com a emissão de Edital que dá força de lei para se proceder à captura compulsiva, permitindo o abate imediato destes animais. O Edital refere mesmo: “ …captura e/ou eliminação de cães (matilhas) que deambulem na freguesia de frechas, concelho de Mirandela.”
Não se ouviu nenhuma explicação detalhada e com suporte técnico-veterinário avalizado que justificasse este carácter excepcional. O que transpareceu para a opinião pública foi que esta medida – eliminação compulsiva, o que equivale a abate – foi a única empreendida para resolver o problema desta sobrepopulação canina. Aliás nas imagens que passaram em diferentes canais televisivos era evidente a presença de cães no interior da área do aterro, em espaço próximo aos respectivos funcionários, não sendo visível a terrível ferocidade dos bichos. Alguns passeavam tranquilamente pelo espaço, o que denota que a vedação do aterro é permeável a estes animais, e que muitos deles estão minimamente socializados. Sublinho que não foi alguma vez referido que outros métodos de captura tivessem sido testados. Neste particular não ouvi referir que tivesse sido testada a utilização de jaulas com iscos, que se forem de dimensão adequada e devidamente dissimuladas podem ser muito eficazes nestes casos.
No meio destas dúvidas e espalhafato mediático, resta registar a atitude prudente e sensata que o comando distrital da Guarda Nacional Republicana assumiu ao não se quer associar a uma eliminação compulsiva de animais, de eficácia questionável e com um ónus negativo em termos de opinião pública.

( Artigo Publicado no Jornal Nordeste de 13-12-2011)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Os 5 filhotes da Sky visitaram a Clínica


Ninhada de Yorshire Terrier, nascida a 25/10/2011