terça-feira, 30 de outubro de 2007

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Animais com Companhia

O Distrito de Bragança regista a maior incidência no Homem de casos de Febre da Carraça (Febre Escaro Nodular) em Portugal. Não obstante este número ter sofrido uma redução nos últimos anos - há uma década atrás registavam-se mais de 100 casos por ano e em 2005 foram notificados somente 36 casos de doença - é importante considerar medidas preventivas, a começar com os cuidados com os animais de companhia.
Com as condições climáticas atípicas deste início de Verão, com muita humidade nos solos e o consequente crescimento de muita vegetação, é de prever que os ciclos biológicos das carraças tenham todas as condições favoráveis para se desenvolverem e causarem muita preocupação não só aos donos dos animais, mas à população em geral, particularmente à população rural.
As carraças também são vectores de diversas doenças para os animais domésticos. No caso do cão, temos vindo a registar na nossa região muitos casos de Babesiose e Erliquiose, doenças que têm um quadro sintomático muito parecido com a febre da carraça nos humanos, com febre alta, dores musculares e perda de sangue na urina.


Em termos de Saúde Pública, a transmissão da Febre da Carraça (Escaro Nodular) é a principal preocupação resultante da picada deste artrópode. Ocorre pela inoculação de saliva da carraça em média 6 a 20 horas após a picada. A remoção imediata de qualquer carraça do corpo deve ser a primeira atitude para evitar que a mesma tenha tempo de inocular qualquer doença, tendo em atenção aos seguintes aspectos:
Correcto:
Prender a carraça com o polegar e o indicador, protegendo os dedos com papel ou algodão, rodar ligeiramente e puxar até que se solte
Desinfectar o local da picada
Consultar o Médico se ocorrer alteração do estado de saúde, como febre, manchas na pele, dores musculares
Errado:
Colocar sobre a carraça uma substância gordurosa, como o azeite ou óleo alimentar. Isto só vai provocar stress na carraça, podendo inocular mais rapidamente qualquer agente infeccioso de que seja portadora
Aproximar uma fonte de calor, como por exemplo a ponta de um cigarro
Perfurar ou cortar o corpo da carraça. Isto nunca deve ser feito!

No que respeita à prevenção:
No Homem e quando em actividades ao ar livre em zonas de vegetação densa, com muitas ervas:
• Reduzir a área de pele exposta, usando roupa com mangas, calças compridas, meias por fora das calças e sapatos fechados;
• Usar roupa de cores claras;
• Após a detecção deve efectuar-se a remoção imediata.

Nos animais de companhia:
. Após os passeios no exterior deverá ser verificada a presença de carraças no pêlo, as quais deverão ser de imediato removidas;
. Desparasitação externa sistemática, utilizando produtos insecticidas específicos, como coleiras, pipetas e sprays, recomendados pelo Médico Veterinário;
. Desinfestação dos canis e meio ambiente circundante. Uma carraça fêmea adulta depois de bem alimentada pode pôr mais de 2.000 ovos no solo, que, com condições climáticas favoráveis, dão origem a ninfas, que, por sua vez, depois de alimentadas com sangue, originam as carraças adultas. Este ciclo biológico com condições favoráveis pode durar apenas cerca de 2 meses, daí a facilidade com que por vezes nos deparamos com autênticas pragas de carraças, com milhares de ninfas e carraças ávidas por se alimentarem de sangue.