As histórias de lobos e os ataques aos rebanhos percorrem o imaginário de todos os transmontanos que, desde tempos imemoriais, se habituaram a conviver com esta realidade natural. Hoje, ainda existem alcateias, mas as histórias do “lobo mau” já não fazem brilhar os olhos das crianças à lareira.
Em muitas das recordações da minha infância, vivida numa recôndita aldeia do concelho de Vinhais, o “Cão do Gado”, de porte imponente, está presente, como guardador de rebanhos, fiel amigo do pastor e protegido do lobo pelas “carrancas” (coleiras de pregos) ameaçadoras.
Por isso, quando há quinze anos atrás iniciei a minha actividade profissional e regressei a esta região, pude com naturalidade constatar a presença de centenas de cães de guarda de rebanho, com padrões fisionómicos muito semelhantes e passíveis de serem classificados como pertencendo a uma raça específica ainda não tipificada.
Quando há 10 anos iniciámos o concurso do “Cão de Gado Transmontano”, na aldeia de Moimenta, concelho de Vinhais, respondendo aos anseios crescentes dos pastores que, paralelamente com o reconhecimento da raça ovina “Churra Galega Bragançana”, pretendiam distinguir os seus cães de gado e obter alguma orientação técnica para a sua selecção, sabíamos que o processo de reconhecimento iria ser moroso, exigindo, por isso, perseverança e determinação.
Se é verdade que a origem desta raça está relacionada com os restantes mastins ibéricos, a sua evolução e diferenciação foi determinada pelas rotas da transumância e pela adaptação à realidade edafoclimática e topográfica da região de Trás-os-Montes.
Numa região de montanha, com vegetação abundante, o cão de gado, no seu processo de adaptação natural, cresceu mais que outros mastins, sendo hoje um cão mais “quadrado”.
Da mesma forma, as funções de defesa do lobo, que desde sempre desempenhou, determinaram que o pastor seleccionasse os de pelagem branca malhada, de mais fácil percepção no monte e de todo distinta do padrão cromático do lobo.
O reconhecimento, no dia 2 de Abril de 2004, pela Assembleia Geral do Clube Português de Canicultura (CPC), daquela que é hoje considerada a 9.ª raça canina portuguesa foi o culminar de um processo que, ao longo destes 10 anos, envolveu diversas entidades, destacando-se na região a Câmara Municipal de Vinhais, entidade que promoveu sucessivos concursos de raça na aldeia da Moimenta, e o Parque Natural de Montesinho, que tem desenvolvido um trabalho meritório na preservação da raça e particularmente no desenvolvimento de um programa de colocação e acompanhamento de cachorros em rebanhos. A nível nacional, o trabalho desenvolvido pelo CPC foi fundamental neste processo. A direcção do clube e a comissão de raças portuguesas efectuaram um exaustivo trabalho de campo, constatando no terreno a existência de centenas de bons exemplares , o que pôde dar suporte, posteriormente, a uma proposta de estalão da raça.
O projecto de estalão da autoria da Presidente da Direcção do CPC, Carla Molinari e do Dr. José Cabral, para além de um excelente trabalho técnico, traduz também a plena diferenciação da raça das demais existentes, em particular da do “Rafeiro do Alentejo”.
Na aparência geral, é referido no projecto de estalão como “Cão molossoide de grande tamanho, forte e rústico, que se evidencia pelo seu aspecto imponente, porte altivo olhar sóbrio. Tem o perfil lateral quadrado, com membros altos, de ossadura forte, naturalmente direitos e bem aprumados, ventre ligeiramente arregaçado, e angulações posteriores moderadas”
No temperamento e comportamento, é dito que “Não obstante a sua corpulência, é um cão de temperamento dócil, mas reservado, é cauteloso, sem ser agressivo, sempre calmo e com o olhar sereno. É um excepcional vigia nas sua funções de guarda de rebanhos, contra o ataque dos lobos...”
É de salientar que este é, sem dúvida alguma, o maior cão das raças portuguesas. No projecto de estalão as alturas apontadas para os machos são de 74 a 82 cm e para as fêmeas são de 66 a 76 cm.
Esta raça constitui um património genético valioso da região de Trás-os-Montes e o seu reconhecimento engrandece a canicultura nacional. O entusiasmo dos criadores já foi traduzido na constituição da “ Associação de Criadores do Cão de Gado Transmontano”, com sede no edifício da Casa do Povo, em Vinhais.
O reconhecimento desta raça, tal como foi referido anteriormente, assentou numa realidade irredutível – sempre existiu um Cão de Gado em Trás-os-Montes!
Em muitas das recordações da minha infância, vivida numa recôndita aldeia do concelho de Vinhais, o “Cão do Gado”, de porte imponente, está presente, como guardador de rebanhos, fiel amigo do pastor e protegido do lobo pelas “carrancas” (coleiras de pregos) ameaçadoras.
Por isso, quando há quinze anos atrás iniciei a minha actividade profissional e regressei a esta região, pude com naturalidade constatar a presença de centenas de cães de guarda de rebanho, com padrões fisionómicos muito semelhantes e passíveis de serem classificados como pertencendo a uma raça específica ainda não tipificada.
Quando há 10 anos iniciámos o concurso do “Cão de Gado Transmontano”, na aldeia de Moimenta, concelho de Vinhais, respondendo aos anseios crescentes dos pastores que, paralelamente com o reconhecimento da raça ovina “Churra Galega Bragançana”, pretendiam distinguir os seus cães de gado e obter alguma orientação técnica para a sua selecção, sabíamos que o processo de reconhecimento iria ser moroso, exigindo, por isso, perseverança e determinação.
Se é verdade que a origem desta raça está relacionada com os restantes mastins ibéricos, a sua evolução e diferenciação foi determinada pelas rotas da transumância e pela adaptação à realidade edafoclimática e topográfica da região de Trás-os-Montes.
Numa região de montanha, com vegetação abundante, o cão de gado, no seu processo de adaptação natural, cresceu mais que outros mastins, sendo hoje um cão mais “quadrado”.
Da mesma forma, as funções de defesa do lobo, que desde sempre desempenhou, determinaram que o pastor seleccionasse os de pelagem branca malhada, de mais fácil percepção no monte e de todo distinta do padrão cromático do lobo.
O reconhecimento, no dia 2 de Abril de 2004, pela Assembleia Geral do Clube Português de Canicultura (CPC), daquela que é hoje considerada a 9.ª raça canina portuguesa foi o culminar de um processo que, ao longo destes 10 anos, envolveu diversas entidades, destacando-se na região a Câmara Municipal de Vinhais, entidade que promoveu sucessivos concursos de raça na aldeia da Moimenta, e o Parque Natural de Montesinho, que tem desenvolvido um trabalho meritório na preservação da raça e particularmente no desenvolvimento de um programa de colocação e acompanhamento de cachorros em rebanhos. A nível nacional, o trabalho desenvolvido pelo CPC foi fundamental neste processo. A direcção do clube e a comissão de raças portuguesas efectuaram um exaustivo trabalho de campo, constatando no terreno a existência de centenas de bons exemplares , o que pôde dar suporte, posteriormente, a uma proposta de estalão da raça.
O projecto de estalão da autoria da Presidente da Direcção do CPC, Carla Molinari e do Dr. José Cabral, para além de um excelente trabalho técnico, traduz também a plena diferenciação da raça das demais existentes, em particular da do “Rafeiro do Alentejo”.
Na aparência geral, é referido no projecto de estalão como “Cão molossoide de grande tamanho, forte e rústico, que se evidencia pelo seu aspecto imponente, porte altivo olhar sóbrio. Tem o perfil lateral quadrado, com membros altos, de ossadura forte, naturalmente direitos e bem aprumados, ventre ligeiramente arregaçado, e angulações posteriores moderadas”
No temperamento e comportamento, é dito que “Não obstante a sua corpulência, é um cão de temperamento dócil, mas reservado, é cauteloso, sem ser agressivo, sempre calmo e com o olhar sereno. É um excepcional vigia nas sua funções de guarda de rebanhos, contra o ataque dos lobos...”
É de salientar que este é, sem dúvida alguma, o maior cão das raças portuguesas. No projecto de estalão as alturas apontadas para os machos são de 74 a 82 cm e para as fêmeas são de 66 a 76 cm.
Esta raça constitui um património genético valioso da região de Trás-os-Montes e o seu reconhecimento engrandece a canicultura nacional. O entusiasmo dos criadores já foi traduzido na constituição da “ Associação de Criadores do Cão de Gado Transmontano”, com sede no edifício da Casa do Povo, em Vinhais.
O reconhecimento desta raça, tal como foi referido anteriormente, assentou numa realidade irredutível – sempre existiu um Cão de Gado em Trás-os-Montes!